Trilhos, caminhos da lembrança

Sim, meu amigo (a), hoje o assunto é a ferrovia, pois os trilhos desenham todo um trajeto que pelo alto podemos ver linhas, paralelas e formas ou não?

Bom, o post de hoje é sobre o Trem, a famosa Maria Fumaça e a história que Araraquara tem com a ferrovia, pois agora os trilhos estão sendo tirados e está gerando conflitos, pois alguns dizem que iremos apagar uma parte da história da cidade e outros estão entusiasmados com a retirada, mas o que eu quero dizer é que nesta ultima terça-feira (18/10) estava caçando alguns canais na Tv e acabei parando na TV Cultura no programa Cultura Documentários, pois quem aparecia na cena era o famoso e amigo jornalista Magdalena e na mesma hora parei e comecei assistir.

Estava passando o documentário feito pelo diretor araraquarense Marcelo Machado intitulado como “O Apito do Trem” lançado em 2009 onde o filme, inicia-se no princípio da retirada dos trilhos e se estende até a divulgação do projeto de urbanização para a orla ferroviária

Para o diretor, “O apito do trem” é mais do que um registro áudio visual, o filme pode ser uma ferramenta de discussão para os araraquarenses que se propuserem a pensar o futuro da cidade.

Estou falando sobre isso, pois em setembro de 2009 eu escrevi um texto relembrando minha história com os trilhos e a Maria Fumaça e neste momento gostaria de dividir com você este texto que foi postado no meu blog, Olhos do Interior.

Texto – 24/09/2009 – Gui Venturini

Falar dos trilhos da velha ferrovia é lembrar-se das grandes conquistas que os trilhos proporcionaram a esse Brasil de meu Deus.

Os trilhos transportaram sementes, pessoas e oportunidades, também transportou o futuro promissor, construiu pequenos vilarejos por onde passou, e o nosso interior é prova disso, podemos hoje ver esses vilarejos que viraram distritos e até cidades.

A tão importante Companhia Paulista, em Araraquara EFA (Estrada de Ferro Araraquara) fez história e seus funcionários eram idolatrados pela sociedade, na época de auge da Companhia, quem era funcionário da EFA era visto com muito respeito, mas o tempo passou, o transporte no Brasil mudou e os trilhos foram e estão se acabando.

Lembro-me que na minha infância sentado na janela do quarto dos meus pais saboreando banana amassada com “Neston”, eu e minha mãe toda tarde víamos o trem passar, ótima lembrança do tempo de criança.

Quando chegou a época de ir para a escola nos meus sete anos de idade, passava em frente do prédio da FEPASA (Ferrovia Paulista S.A.) em Araraquara e via uma linda “Maria Fumaça” exposta defronte ao prédio, mas como tudo passa, eu cresci e a “Maria Fumaça” foi doada para Campinas, onde acontece o trajeto de trem conhecido Campinas a Jaguariúna, e hoje adulto, passo em frente ao “Museu Ferroviário de Araraquara” porque agora temos um museu na antiga Estação Ferroviária e a “Maria Fumaça”, cadê? Triste saber que a cidade doou a “Maria Fumaça” e hoje temos um museu ferroviário, claro, que a “Maria Fumaça” está sendo usada para o turismo nestas cidades, mas porque não poderia estar sendo usada para o turismo em Araraquara e região?

Outra conquista dos ferroviários em Araraquara foi a AFE – Associação Ferroviária de Esportes, a famosa “Ferrinha”, que era o clube dos ferroviários. E a nossa “Ferrinha” teve seus momentos de glória em 1966 quando foi campeã da Segunda Divisão, Tricampeão do Interior Paulista em 1967-68-69 e 1985 quando disputou à semifinal do Campeonato Paulista.

A “Camisa Grená” tão famosa hoje, já não traz tantas alegrias, mas tudo está sendo reformulado e a AFE ganhou um novo estádio e diga-se, de passagem, um lindo estádio no padrão FIFA.

E se é coincidência do destino ou não, hoje moro ao lado de uma estrada de ferro, onde posso ver da janela do meu quarto o trem passar e durante a noite ele apitar, doce lembrança da minha infância e dos tempos que não voltam mais, nem para mim e nem para o trem!

E para encerrar deixo essa singela homenagem á linda Maria Fumaça.

Maria Fumaça

Dormentes, ferro e pedra. Assim começa os caminhos da estrada de ferro. Homens trabalhando e roçando matas, atravessando todo esse Brasil abrindo artérias que corriam vagões que levavam em cada carga, esperança, progresso e projetos para nosso futuro.

A Maria deixava um rastro de fumaça por onde passava…ehhhh!!! Maria, que saudade dos passeios e dos lugares que deixaram grandes amizades.

No pensamento a família que ficou na roça e a esperança no olhar daquele sertanejo fazia ele viajar ao som do piuí de Maria. Em cada parada uma nova esperança, em cada cochilo, o sonho de um novo lugar e uma nova oportunidade, de viver e matar a saudade lá de casa, da comida, da minha enxada, da minha amada.

O meu lugar, a minha terra, a minha morada ficou para traz, mas ainda posso voltar, pela janela paisagens, a passarada fazendo alvorada e a cada fim de tarde dentro daquela máquina o sol dava um show e eu, o espectador aplaudia com lágrimas de emoção de ver o quanto era bom o meu sertão.

Viajei todo esse Brasilzão, mas sempre na contramão, voltei para meu lugar, na bagagem lembranças e saudade da minha casinha, logo na porteira avistei a lamparina acesa na varanda, a fumaça na chaminé me fez lembrar de Maria, em cada passo o coração acelerava e num passe de mágica de braços abetos as minhas amadas, soltei a minha mala e corri em direção da saudade e senti meu aconchego.

Maria foi minha companheira de longos dias, Maria é minha mãe, Maria é minha amada, Maria, minha filha, Ave Maria…vocês são as mulheres da minha vida.

Hoje posso dizer que já existe uma nova conscientização sobre a ferrovia e acredito que a valorização já está acontecendo, pois assim eu espero. O trem é o transporte mais usado nos países desenvolvidos, mas no Brasil ainda não, por isso, precisamos mudar alguns pensamentos e conceitos para que possamos nos desenvolver cada vez mais.

E para você que queira relembrar as belezas da ferrovia, o amigo Sérgio Doricci, um amante das ferrovias estará expondo hoje e amanhã (21 e 22/10) sua maquete ferroviária no Shopping Iguatemi São Carlos.

Para relembrar você pode também visitar;

Museu Ferroviário Araraquara

De segunda a sexta feira das 9h. ás 17h.

Aos Sábados das  9h. ás 12.

Também existem maquetes para serem apreciadas, além de parte da história da EFA.

Agora se você quer relembrar um passeio de trem, em Campinas você pode fazer um trajeto até Jaguariúna e viver esta emoção e voltar ao passado.

Informações clique aqui

Valeu galera, a semana que vem tem muito mais!